"Perseguir o sempre, no nunca."

agosto 24, 2011
Augusto Cury, Zibia Gasparetto, Paulo Coelho, Dalai Lama, Gandhi (...), Deus? Que nada. A mais nova e brilhante escritura da verdadeira auto-ajuda se chama Muriel Barbery. E não se trata de nenhum blá-blá-blá esotérico, meditativo, religioso ou de seguir os dez passos para atingir o sucesso.

Ganhei do meu ex-noivo (quando ainda era noivo rs), um livro chamado “A elegância do ouriço” (escrito por Muriel Barbery, escritora FRANCESA por mim totalmente desconhecida, o que não é de se espantar, já que este é o segundo romance dela e ao que soube, o primeiro não possui a mesma excelência do segundo nem de longe), diante do qual ele dizia coisas como “você tem que ler, este livro é você, este livro é você”, enfim.

Na época estava muito absorvida ( beijando, transando, planejando festa de casamento, cozinhando, lavando cuecas, enfim) e não estava numa fase digamos, “literária”, motivo pelo qual eu não o li prontamente. Bom, pra vocês terem uma ideia demorei quase cinco meses para ler a biografia do Caio Fernando Abreu (amor da minha vida), escrita pela Paula Dip (será o livro da pauta qualquer dia). Depois dei de ler o “Rutilos” que eu tinha comprado da Hilda Hilst, na promoção da Livraria Cultura por ínfimos R$13,00. Enfim, findos os livros não lidos aqui em casa, decidi ler “A elegância do ouriço”.

Juro, já tinha começado a escrever aqui no word o meu obituário (hahaha), que seria mais uma dissecação da minha vida, em etapas (infância, juventude, vida adulta, motivo e providências a tomar depois de minha morte), a fim de que, sabe, ninguém ficasse se culpando pelo meu suicídio, coisas do tipo “ah, se eu tivesse feito isso ou aquilo por ela”, ou “ah, se eu não tivesse feito isso ou aquilo pra ela”, enfim, eu só queria deixar bem claro que eu já me encontrava num estado de morte há tempos, onde os pouquíssimos, raríssimos momentos de sutileza e beleza na minha vida não eram capazes de compensar o longo período de marasmo que os procediam.

Só havia uma coisa capaz de salvar a minha vida, uma coisa na qual eu não acredito. Era preciso um verdadeiro milagre.

E o milagre aconteceu. E o meu milagre foi este livro.

Ex-noivo, só não lhe digo a lá Tony Montana “Say hello to my little friend!” porque afinal de contas, jamais poderei compensá-lo. O que é o fim de um noivado perto de uma leitura destas? Nada de nada.

Muriel Barbery, minha querida, só de saber que existe uma pessoa capaz de escrever o que você escreveu já é motivo suficiente para que eu insista nesta coisa chamada vida.

A beleza salvará o mundo”, já escreveu Dostoiévski em um livro – ironicamente – intitulado “O idiota”. Ele estava, assim como eu agora, muito provavelmente, ensandecido. E o que não é a loucura – o bravo parênteses entre a razão e a incompreensão da alma - senão a única possível manifestação de vida?

Leiam.


Sinopse: O livro tem duas personagens principais (e encantadoras), Renée, concierge de um edifício de luxo em Paris e POBRE e Paloma, uma garota de 13 anos que é moradora do tal edifício, sensibilíssima e inteligentíssima e RYCA. Através das duas, conhecemos vários outros personagens, moradores do prédio e agregados, quase todos eles depreciativos, dignos do esteriótipo “burguês-metido-a-cult-medíocre-chato-vergonha-alheia”.
No final das tantas, longe de ser piegas, o livro acaba por nos mostrar que a enlevação do ser humano não reside na conta bancária, muito menos no seu vestuário chiquérrimo ou no status social. Reside sim, na coragem de encarar brava e profundamente a feiúra e a beleza – nossas, do mundo – e diante de tudo isso, encontrar um sentido para esta loucura de vida.

p.s. O filme foi adaptado para o cinema. “Lê Hérrison” ou “O porco espinho”, em português, 2009, de origem francesa, dirigido por Mona Achache. Olha, se eu não tivesse lido o livro antes de assistir o filme, muito provavelmente teria achado o filme muito bom. Mas como não foi o que aconteceu, só tenho uma coisa a dizer: #acheiumamerdadeadaptaçãoprontofalei.

3 comentários:

Débora Castro disse...

Leiam! Esse livro é tudo.
Muda vidas: FATO !

Boteghim disse...

post franco e sincero, gostei. vo acompanhar o Blog!

Débora Castro disse...

esse é o Caio - queimador master de comida congelada - que eu conheço!

Segundona com Christophe Honoré e seus Hits

Só Débora Castro posta neste blog por mim abandonado, como todos os meus outros blogs e por esta razão peço desculpas (no caso de meus come...

Tecnologia do Blogger.